quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Judas


Quero o Judas que me toca
que me beija
Quero o Judas que me troca
e que me trai

Quero o Judas que se mata
pelo excesso de amor que o culpa
Quero o beijo que o enche de mim
e esse Eu dentro dele decrete o seu fim

Quero o judas que se vai
pra seu amor evaporado do corpo
encontre o meu no corpo crucificado

Não quero um Pedro que não toca
que me nega
Não quero um Pedro que tem medo
e que me desconhece

E o galo sentencia sua fraqueza
Não tem o toque, não tem o beijo
Ganha a vida
Mas não morre de amor.


                                                Augusto

Obs.: Tela de pintura de Caravaggio.

segunda-feira, 10 de junho de 2013

INVASÃO


Conheci um homem que acreditava que ele era o centro.
Não sei se sua religião, sua cultura ou se sua própria natureza o convenceu disso.
Ele chegou num lugar e se certificou que ali era um bom lugar para morar
mas  não se deu conta, que aquele lugar já tinha moradores.

Acreditando em sua superioridade, carpiu todo o terreno,
retirou como definia ele, todo o "mato"
Lançou base forte, levantou tijolo por tijolo, cobriu com telhas,
colocou portas e janelas e feliz entrou no seu lar.

Na primeira noite , cansado que estava deitou e tentou adormecer
Se estranhou com o chão que tremia,
algumas horas depois, assustado verificou que brotavam daquele solo
vários pendões verdes que cantarolavam como vozes num coral
eles cresciam, cresciam  e o homem já não suportava mais aquela cantoria.

Deixou a casa quando o sol surgia
e contra sua alegria as flores já no telhado saldavam o dia.
O que ele desconhecia, que naquela dimensão as flores tinham sua primazia.
 
                                            Augusto