quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Os Eus



    Um errante caminhante
a buscar o seu Eu
Segue confiante
que o melhor é se achar
No topo da montanha
O encontro com o eu
e o eu não é nada
Sou mais sem o eu

Me despeço do Eu
desço a montanha
me calo
me perco
e me esqueço
A cada passo sou menos
mas o menos é mais

Só um vazio pode ser preenchido
Um êxtase me recria
Quem sou eu?
Não sei, Estou renascendo
Deito e despeço de mim
Abro os olhos e  sou.

                                                    Augusto


sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

O Trem


O trem apita: OHM
                            E torna a repetir:  OHMMMMMMMM
É a hora da partida.

É o soar do Universo
 O barulho cósmico
Os que esperavam na estação da vida
E despertaram a nova consciência 
podem escutar OHMMMM

O trem apita
É o som das trombetas
Anjos e arcanjos tocam:
OHMMMM

 Chegou a Nova Era
O início de um novo ciclo
Corram todos pra estação
É a hora de partir

OHMMMMMMM
Esse trem
Não  permite bagagens nem acompanhantes
É uma viagem solitária
Ao novo e ao desconhecido

Chego à estação
Dou com o Diabo no portão
ele me mostra um bilhete
Que leio de antemão:
Quem tem desejo ou medo não viaja nesse não!

O Trem apita:
OHMMMMMM
Largo as malas no chão
Despeço do meu coração
Descalço e com um sorriso vão
Entro naquele vagão

O trem apita:
OHMMMMMM
É a última chamada
Ao trem do desapego
Rumo ao nada.

                                                      Augusto

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Ouro Preto


    Numa manhã chuvosa em Ouro Preto
    Vi um deus negro segurando as lágrimas
    da grande mãe África em suas mãos
    Mãe que chora sobre uma cidade
    Suas lágrimas escorrem sobre as pedras das ruas, pedras das calçadas,
    sobre as pedras das casas e as  pedras das igrejas.
    Lágrimas que limpam as agruras impregnadas,
    nas pedras do sofrimento de seus filhos escravos
    Os europeus já arrancaram os deuses das entranhas da mãe
    Rubiz, diamantes e ouro foram levados da África.
    Quando o ouro aparece nas grandes Minas gerais,
    Novamente os portugueses  vão buscar os filhos da negra mãe.
    Só os pretos podiam encostar e extrair as preciosidades da terra.
    Hoje, Ouro Preto é negro!
    São eles que sobem e descem as ladeiras da cidade
    São eles que gritam através das pedras das paredes e cascalhos,
    quando o trem passa
    São eles o verdadeiro sentido da cidade
    Eles são o Ouro Preto de Minas Gerais.

                                                                          Augusto

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Rosa de vidro



Por que só agora Rosa?
Por que tantas horas?

Eu aqui dentro, você aí fora.
Preso eu em minhas ilusões
sofrendo os desertos de minha alma
rastejando no escuro da procura

Você ao sol, vivendo, se deixando ser
entregue ao momento já
as pétalas chacoalhando ao vento
o perfume se entregando ao ar.

Eu separado do Todo
Tateando as próprias vontades
como cego que não encontra a saída
e fica onde está.

Por que só agora Rosa?
Por que tantas horas?

Só agora estilhacei o vidro da separação
não existe o futuro e o passado se foi
não mais o ego, apenas o eu
Eu sou a rosa e a rosa sou eu.

                                   Augusto.