segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

DESPEDIDA

                                                                      DESPEDIDA 

Você pode ver em meus olhos?
Pode ver o que eles carregam?
Você pode ver a expressão do cão?
Pode ver o que ela carrega?
Se não...
Vou te contar essa história:
  Essa teimosa aí apareceu lá na roça, toda assustada se escondendo e se chegando aos pouquinhos próximo da casa. Eu olhei para ela, que foi logo abanando o rabinho desconfiada, eu a amei desde o primeiro momento, dei um banho nela lá no riacho e deixei-a secando ao sol.
  Fui à cozinha e escondido peguei com uma concha, o leite que esquentava no caldeirão do fogão a lenha, coloquei num pratinho e levei para ela. Enquanto ela rapidamente lambia o leite, com minha mão eu a acarinhava, cada vez que encostava nela parecia que mais ela me pertencia.
  Quando a noite chegou, peguei uns trapos arrumei numa caixinha e coloquei-a para dormir no paiol. A danadinha só queria ficar comigo e chorou a noite toda de saudades.
  Meu pai que a vida tinha deixado com coração de pedra, ordenou que eu desse um sumiço no animal. Essas pessoas com o coração endurecido não entendem o amor, não sabem que quando ama não se quer viver longe, pelo contrário melhor bem juntinho.
  Então, obrigou-me a selar o cavalo e leva-la para bem longe, para que não houvesse chances dela encontrar o caminho de volta. Fomos então eu, ela, o cavalo, o amor e a dor todos juntos, mas na estrada eu prometi a mim mesmo, que um dia eu seria dono da minha própria vida e poderia sim, amar sem ter que deixar.
                                                                   Augusto

2 comentários:

  1. Fez lembrar meu pai, coração endurecido, a Gil, cachorrinha com olhar de pidona me ganhou e despertou meu amor eterno por esses bichinhos... Isso foi há tanto tempo atrás.… Mais a leveza das suas palavras resgatou sentimentos.
    Amei

    Mhau

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