quinta-feira, 14 de abril de 2011

Violeta


     Era uma dessas plantinhas simplisinhas, que por serem baratinhas são presenteadas em situações não tão importantes. O vasinho pequenino e de plástico a deixava mais desprovida do direito de ocupar um lugar de destaque.
     Quando a encontrei estava no chão em um canto. Acho que era o local que sua aparência ressequida incomodava menos ou nem sequer incomodava. Sua conexão com a vida devia ser apenas um fio de raíz.
     Comecei a zelar por ela, água, adubo, carinho e um "lugar ao sol". Ela foi reagindo, as folhinhas ficaram mais verdinhas e em dois meses: - MEU DEUS. Brotou um pendãozinho com seis bolinhas, uma delas começou a crescer mais e ficou bem acima das outras e essas se inclinavam à mais alta, parecia que reverenciavam, sabiam que aquele era o seu momento e a respeitavam.
     Eu sabia que aquilo era um presente, uma oferenda, uma conexão entre ela, eu e o cosmo. Olhei-a numa manhã e aquela bolinha começava a se abrir e a tomar formato de flor. Que brilho, que cor, que vida. 
     A noite diferentemente das flores de sua espécie ela se fechou, parecia que se abriu apenas para dar uma espiadinha na vida, mas lembrando de seus momentos de sofrimento, tenha ficado tímida ou achado que ainda não estava pronta.
     Apenas no dia seguinte é que tomou coragem para se abrir por completo e se entregar e a vida enfeitar.

                                                                                   Augusto

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